Amalia Rodrigues
"Madrugada De Alfama"

Mora num beco de Alfama
E chamam-lhe a madrugada
Mas ela de t�o estouvada
Nem sabe como se chama.
Mora numa �gua-furtada,
Que � mais alta de Alfama
A que o sol primeiro inflama
Quando acorda a madrugada.

Nem mesmo na Madragoa
Ningu�m compete com ela,
Que do alto da janela
T�o cedo beija Lisboa.
E a sua colcha amarela
Faz inveja � Madragoa:
Madragoa n�o perdoa
Que madruguem mais do que ela.

Mora num beco de Alfama
E chamam-lhe a madrugada,
S�o mastros de luz doirada
Os ferros da sua cama.
E a sua colcha amarela
A brilhar sobre Lisboa
� como est�tua de proa
Que anuncia a caravela...

David Mour�o Ferreira